Qual o papel do juiz de garantias no processo penal brasileiro e por que é controverso?

O juiz de garantias é uma figura concebida pelo Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/2019) para conduzir a fase de investigação no processo penal, separando a atuação de quem instrui o inquérito daquele que julgará a ação no mérito. A proposta visa reforçar a imparcialidade, mas enfrentou debates intensos e foi objeto de questionamentos no Supremo Tribunal Federal (STF).

1. Funções do juiz de garantias
O juiz de garantias teria a atribuição de supervisionar a investigação criminal, decidindo sobre prisões preventivas, medidas cautelares, quebras de sigilo e demais atos instrutórios da fase pré-processual. Após o encerramento do inquérito, a competência passaria para outro juiz, responsável pelo julgamento.

2. Polêmicas e discussões
Críticos argumentam que a implementação do juiz de garantias exigiria considerável estrutura e recursos, o que seria inviável em comarcas menores. Também há quem discorde, afirmando que o sistema atual, em que o mesmo juiz atua desde a investigação até a sentença, não viola a imparcialidade se houver respeito ao contraditório e à ampla defesa.

3. Exemplo prático
Em uma comarca onde já há falta de juízes, a aplicação do juiz de garantias poderia exigir a nomeação de um novo magistrado exclusivamente para acompanhar a instrução do caso. Isso poderia atrasar o andamento dos processos e onerar o Judiciário, se não houver recursos humanos e materiais suficientes.

4. Atual situação jurídica
A implementação do juiz de garantias foi suspensa por decisão liminar do STF, que analisa a constitucionalidade de alguns dispositivos do Pacote Anticrime. Enquanto isso, não há aplicação prática efetiva em grande parte do país, perpetuando a discussão sobre os benefícios e custos do instituto.

5. Considerações finais e convite ao diálogo
A figura do juiz de garantias propõe um avanço na busca pela imparcialidade do processo penal, mas sua viabilidade e efetividade dependem de um aparato estrutural que o Brasil, em muitos lugares, ainda não dispõe. Se você quer entender como essa mudança pode afetar seu caso ou a advocacia criminal, procure orientação profissional.

Use os comentários para manifestar sua opinião sobre o tema, enriquecendo o debate entre profissionais e leigos.

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