1. Contextualização do acompanhamento psicossocial
Quando um colaborador sofre um acidente de trabalho, os efeitos podem ir além do físico, afetando o emocional e o psicológico. Muitas empresas se preocupam apenas com a recuperação clínica, mas deixam de lado o suporte psicossocial necessário. Essa omissão pode agravar traumas, gerar afastamentos prolongados e, em última instância, conduzir a ações trabalhistas com pedido de indenização por danos morais.
2. Fundamentação jurídica
A Constituição Federal, em seu artigo 7º, inciso XXII, prevê a redução dos riscos inerentes ao trabalho. Esse mandamento constitucional não se limita apenas à prevenção de acidentes físicos, mas também ao cuidado com a saúde mental do trabalhador. Ademais, a CLT e as Normas Regulamentadoras (NRs) exigem que o empregador adote todas as medidas necessárias para garantir a segurança e o bem-estar no ambiente laboral.
3. Efeitos práticos da falta de acompanhamento
- Prolongamento do afastamento: Sem apoio psicológico, o empregado pode demorar mais para retornar às atividades, gerando custos adicionais de substituição ou horas extras.
- Desgaste emocional: A falta de acolhimento pode levar a transtornos como depressão e ansiedade, resultando em novas demandas médicas e judiciais.
- Deterioração do clima organizacional: Outros colaboradores podem sentir medo ou insegurança, percebendo que a empresa não zela pela saúde integral da equipe.
4. Análise da jurisprudência
Em casos em que o acidente de trabalho gera sequelas emocionais e a empresa não presta qualquer tipo de suporte, o TST tem reconhecido a possibilidade de indenização por danos morais. O descaso com a reabilitação psicossocial do empregado pode ser interpretado como violação ao dever de proteção. Decisões recentes enfatizam a importância de programas de acolhimento e acompanhamento multiprofissional.
5. Conclusão
Negligenciar o acompanhamento psicossocial após um acidente implica riscos legais e financeiros, mas sobretudo humanos. Oferecer apoio emocional e estruturar um plano de retorno gradativo ao trabalho fortalece a confiança no empregador e reduz a probabilidade de futuras ações judiciais. Se você está reavaliando as políticas de saúde ocupacional da sua empresa, não hesite em integrar aspectos psicológicos ao programa de prevenção e cuidados.