Você já se perguntou quem realmente fiscaliza as armas de fogo no Brasil? Em um país com dimensões continentais e uma complexa legislação, a atuação da Polícia Federal (PF) e do Exército Brasileiro (EB) é fundamental para o controle e a segurança no manuseio de armamentos. Compreender as competências e as distinções entre esses dois órgãos é crucial para qualquer pessoa interessada na temática das armas de fogo, seja por esporte, segurança ou mera curiosidade cívica.
A Polícia Federal é o órgão responsável por autorizar a aquisição, registro e porte de armas de fogo para o cidadão comum, além de fiscalizar clubes de tiro, empresas de segurança e a atividade dos atiradores desportivos, colecionadores e caçadores (CACs) em seus aspectos cíveis. Sua atuação é pautada pelo Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/2003) e decretos regulamentadores, como o Decreto nº 9.847/2019. É a PF que analisa a documentação, realiza os testes de aptidão psicológica e técnica, e concede ou nega as autorizações. Imagine, por exemplo, um cidadão que deseja comprar uma arma para defesa pessoal dentro de casa: ele precisará, primeiramente, obter a autorização da PF para a aquisição e registro dessa arma, comprovando os requisitos legais. A expertise da PF reside na capilaridade de suas delegacias e na capacidade de investigação e inteligência, essenciais para combater o desvio e o uso ilegal de armas.
Por outro lado, o Exército Brasileiro, por meio do Sistema de Fiscalização de Produtos Controlados (SFPC), tem a competência precípua de controlar e fiscalizar a produção, o comércio, a importação, a exportação, o armazenamento e o tráfego de produtos controlados, que incluem desde explosivos e munições até as próprias armas de fogo de uso restrito e permitido. Historicamente, o Exército sempre desempenhou um papel central na fiscalização de armas, especialmente aquelas ligadas ao uso militar e aos CACs. O Decreto nº 10.030/2019 detalha as atribuições do Exército nesse campo. Por exemplo, a autorização para a posse de armas de calibres restritos ou a prática de tiro desportivo em estandes específicos geralmente passa pela esfera do Exército. Sua atuação foca na segurança nacional e na garantia de que o arsenal militar e as armas de maior poder de fogo estejam sob rigoroso controle.
Embora as atribuições da PF e do Exército sejam distintas, elas são complementares e interdependentes. Há uma constante troca de informações e uma necessidade de coordenação para garantir que o controle de armas seja eficaz em todas as suas etapas, da fabricação ao uso final. A falta de comunicação ou a sobreposição de competências pode gerar lacunas na fiscalização, o que representa um risco para a segurança pública. Aprimorar essa sinergia entre os órgãos é um desafio contínuo, mas fundamental para um sistema de controle de armas robusto e eficiente no Brasil.
Em um cenário de constante evolução legislativa e tecnológica, a fiscalização de armas de fogo exige não apenas a expertise dos órgãos, mas também investimento em tecnologia, capacitação e inteligência. A capacidade de rastrear armas, identificar desvios e combater o tráfico ilegal depende diretamente da eficiência da Polícia Federal e do Exército. Compreender quem faz o quê não é apenas uma questão de conhecimento jurídico, mas uma ferramenta para promover um debate mais informado e construir soluções mais eficazes para a segurança de todos. Você está pronto para aprofundar ainda mais neste tema vital?