Por que fabricar arma em casa é crime e como o Estado combate essa prática
A fabricação de armas caseiras — como as conhecidas “pontas de lança”, espingardas artesanais ou armas de pressão improvisadas — tem se tornado mais comum no Brasil, especialmente em áreas de vulnerabilidade social. Apesar da intenção de proteção pessoal ou familiar, esse tipo de prática é proibido por lei e pode levar à responsabilização penal grave .
Se você está considerando fabricar uma arma em casa ou conhece alguém que o faz, entender os riscos legais e as consequências reais do crime é essencial para evitar condenações severas .
O que diz a lei sobre fabricação de arma caseira?
De acordo com o artigo 16 da Lei nº 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento), fabricar, montar, remontar, manter ou vender arma de fogo sem autorização legal é crime punido com reclusão de 3 a 6 anos e multa .
Essa regra aplica-se a qualquer tipo de arma, mesmo que seja de fabricação caseira ou não tenha potencial letal comprovado , pois o simples fato de produzir um instrumento capaz de disparar projéteis é suficiente para caracterizar o delito.
Além disso, quem mantém ferramentas ou materiais destinados à produção de armas também pode ser enquadrado na mesma infração penal .
Diferença entre arma caseira e arma artesanal
É importante distinguir:
Arma caseira: geralmente feita com materiais improvisados (cano de ferro, cano PVC, molas etc.) e pode ter funcionamento rudimentar.
Arma artesanal: produzida com técnicas mais avançadas, mas ainda assim ilegal, muitas vezes com aparência similar a armas comerciais.
Ambas são consideradas ilegais no Brasil , independentemente da qualidade ou finalidade do uso. O simples fato de construir uma arma sem autorização é crime doloso, passível de prisão .
Julgamentos recentes e decisões do STJ
Nos últimos anos, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem mantido jurisprudência firme de que a fabricação de armas caseiras configura crime formal, ou seja, basta a produção para caracterizar a infração penal , independentemente de utilização ou dano real.
Em 2024, um caso chamou atenção em Pernambuco, onde um homem foi condenado por fabricar uma espingarda caseira dentro de casa, mesmo sem intenção de usá-la em crimes .
O tribunal entendeu que a simples existência de uma arma ilegal representa risco à segurança pública e viola a ordem jurídica estabelecida pelo Estado .
Críticas e debates jurídicos
Apesar do entendimento majoritário, alguns juristas defendem revisão da lei, argumentando que pessoas pobres e vulneráveis frequentemente recorrem à fabricação de armas caseiras como meio de autodefesa em locais onde o Estado não garante segurança .
No entanto, essa visão ainda não prevaleceu nos tribunais superiores , e o Supremo Tribunal Federal (STF) tem reafirmado que a proibição total ao porte e fabricação ilegal de armas é constitucional e necessária para o controle de armamentos no país .
Recomendações para evitar envolvimento com armas ilegais
Se você mora em área de risco e busca meios legais de defesa:
-Evite construir armas caseiras ou adquiri-las;
-Guarde sua família com métodos legais, como alarmes, câmeras e cães de guarda;
-Procure obter uma arma legalizada, seguindo todos os requisitos legais;
-Denuncie pontos de venda ou fabricação ilegal de armas às autoridades competentes;
-Consulte advogados especializados em direito armamentista antes de tomar qualquer decisão relacionada à autodefesa.