Diferenças Entre Rescisão com Justa Causa e Sem Justa Causa: O Que o Trabalhador Precisa Saber?

A rescisão do contrato de trabalho pode ocorrer de diversas formas, mas as mais comuns são a demissão com justa causa e sem justa causa. Apesar de parecer simples, muitos trabalhadores ainda possuem dúvidas sobre os direitos e as consequências de cada modalidade. Neste artigo, explicamos as principais diferenças entre essas duas formas de desligamento, com base na CLT e jurisprudências atuais.


O Que é a Rescisão Sem Justa Causa?

A rescisão sem justa causa ocorre quando o empregador decide encerrar o contrato de trabalho sem apresentar um motivo específico, dentro de seu direito de gestão.

Direitos do Trabalhador na Rescisão Sem Justa Causa:

Conforme a CLT, o empregado tem direito a:

  • Saldo de salário (dias trabalhados no mês);
  • Aviso prévio (indenizado ou trabalhado) – art. 487 da CLT;
  • 13º salário proporcional;
  • Férias vencidas e proporcionais + 1/3 constitucional (art. 7º, XVII, da CF/88);
  • Multa de 40% sobre o saldo do FGTS – Lei nº 8.036/90, art. 18, § 1º;
  • Liberação do FGTS;
  • Seguro-desemprego, caso cumpra os requisitos legais.

Exemplo Prático:

Ana trabalhou em uma loja por 3 anos e foi demitida sem justa causa. Ela recebeu aviso prévio indenizado, férias proporcionais e a multa de 40% do FGTS, além de poder sacar o fundo e solicitar o seguro-desemprego.


O Que é a Rescisão com Justa Causa?

A rescisão com justa causa, por outro lado, ocorre quando o empregado comete uma falta grave, prevista no art. 482 da CLT. O empregador, ao comprovar a conduta inadequada, pode demitir o trabalhador sem a obrigação de pagar as principais verbas rescisórias.

Faltas Graves Previstas na Lei:

Entre as principais faltas que justificam a justa causa, estão:

  • Ato de improbidade (fraude ou desonestidade);
  • Incontinência de conduta ou mau procedimento;
  • Negociação habitual sem autorização do empregador;
  • Desídia (desleixo no desempenho das funções);
  • Insoburdinação ou indisciplina;
  • Abandono de emprego (faltas injustificadas por mais de 30 dias);
  • Ofensas físicas ou morais no ambiente de trabalho.

Direitos do Trabalhador na Justa Causa:

Neste caso, o empregado recebe apenas:

  • Saldo de salário (dias trabalhados no mês);
  • Férias vencidas, se houver (art. 146 da CLT).

Exemplo Prático:

Pedro foi demitido por justa causa após ser flagrado desviando produtos da empresa. A empresa realizou o pagamento apenas do saldo de salário e férias vencidas, conforme a lei.


Diferenças Principais Entre as Modalidades

Aspecto Rescisão Sem Justa Causa Rescisão com Justa Causa
Motivo Não é necessário justificar. Empregado comete falta grave.
Aviso Prévio Pago ou trabalhado. Não há aviso prévio.
Férias Proporcionais Devidas com adicional de 1/3. Não há pagamento de férias proporcionais.
13º Salário Proporcional Sim. Não é devido.
Multa FGTS (40%) Pago ao trabalhador. Não há pagamento de multa rescisória.
Seguro-Desemprego Disponível, se cumpridos os requisitos. Não há direito ao seguro.

Consequências da Justa Causa Indevida

O empregador precisa comprovar a falta grave do trabalhador. Caso contrário, a justa causa poderá ser anulada judicialmente, convertendo a demissão para sem justa causa.

Decisão Recente do TST:
Em um caso de desídia, o Tribunal Superior do Trabalho reverteu a justa causa por entender que a empresa não apresentou provas suficientes do comportamento inadequado. A empresa foi condenada a pagar todas as verbas rescisórias.


Como o Trabalhador Deve Agir?

  1. Conferir as verbas rescisórias: Verifique os cálculos e prazos.
  2. Solicitar o Termo de Rescisão do Contrato: Um documento essencial para analisar os valores pagos.
  3. Buscar orientação jurídica: Caso haja dúvidas ou a rescisão pareça injusta, procure um advogado especializado.

Conclusão

Entender as diferenças entre rescisão com justa causa e sem justa causa é essencial para que os trabalhadores conheçam seus direitos e saibam agir de forma adequada. Em caso de dúvidas ou situações injustas, contar com a orientação de um advogado pode fazer toda a diferença para garantir a proteção dos seus direitos.

Se você está enfrentando uma rescisão e tem dúvidas sobre o processo, não hesite em procurar apoio jurídico especializado. Entender e agir no momento certo evita prejuízos futuros!

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo