Muitas vezes, pacientes que lutam contra doenças graves ou raras encontram nos tratamentos experimentais a única esperança de cura ou controle do problema. Porém, uma das negativas mais comuns dos planos de saúde é alegar que esses tratamentos não são cobertos.
Neste artigo, vamos explicar o que são tratamentos experimentais, quais são os seus direitos e como agir quando o plano de saúde se recusar a cobrir o procedimento. Continue lendo e entenda como garantir a continuidade do tratamento necessário.
1. O Que São Tratamentos Experimentais?
Tratamentos experimentais são aqueles que:
- Ainda não foram completamente incorporados à prática médica tradicional;
- Estão em fase de estudos clínicos, mas com eficácia comprovada em alguns casos;
- Podem envolver o uso de medicamentos, cirurgias ou procedimentos inovadores para tratar doenças graves ou sem alternativas eficazes.
Esses tratamentos costumam ser indicados em situações onde as terapias convencionais não surtiram efeito, especialmente em casos de câncer, doenças raras ou degenerativas.
2. O Que Diz a Lei Sobre a Recusa de Tratamentos Experimentais?
A Lei dos Planos de Saúde (Lei nº 9.656/98) e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determinam que os planos de saúde devem cobrir tratamentos previstos no Rol de Procedimentos. No entanto, há exceções:
1. Decisões do STJ
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que os planos de saúde podem ser obrigados a cobrir tratamentos fora do Rol da ANS, desde que atendam aos seguintes critérios:
- O tratamento seja indicado pelo médico responsável;
- Não exista alternativa terapêutica eficaz disponível;
- O tratamento tenha comprovação científica de eficácia.
2. Uso Compassivo
O uso compassivo permite o acesso a medicamentos ou terapias experimentais em caráter excepcional, especialmente quando o paciente não possui outras opções de tratamento.
3. Quando a Recusa do Plano de Saúde é Ilegal?
A recusa é considerada abusiva quando:
- O médico responsável atesta a necessidade do tratamento como única alternativa eficaz;
- O tratamento possui comprovação científica, mesmo que ainda não esteja no Rol da ANS;
- A negativa coloca em risco a vida ou a saúde do paciente.
O Código de Defesa do Consumidor (CDC) considera essa prática abusiva, pois viola o direito básico à saúde e ao bem-estar do paciente.
4. O Que Fazer em Caso de Recusa do Tratamento Experimental?
Se o plano de saúde negar a cobertura de um tratamento experimental, siga estas etapas para garantir os seus direitos:
1. Solicite a negativa por escrito
Peça à operadora uma justificativa formal, detalhando os motivos da recusa. Isso será importante para contestar a decisão.
2. Obtenha um laudo médico
Solicite ao médico um laudo detalhado, comprovando que:
- O tratamento é essencial para sua saúde;
- Não há alternativas convencionais eficazes disponíveis;
- A terapia possui comprovação científica de eficácia.
3. Registre uma reclamação na ANS
Denuncie a negativa à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) pelo site ou pelo telefone 0800-701-9656.
4. Procure o Procon
O Procon pode intermediar a disputa, garantindo a aplicação do Código de Defesa do Consumidor.
5. Entre com uma ação judicial
Caso as medidas administrativas não resolvam, procure um advogado especializado em direito à saúde para ingressar com uma ação judicial. O juiz pode conceder uma liminar urgente, determinando a cobertura imediata do tratamento.
5. Exemplos de Decisões Judiciais Favoráveis aos Pacientes
A Justiça brasileira tem reconhecido que o direito à saúde é fundamental e, portanto, tem garantido a cobertura de tratamentos experimentais nos seguintes casos:
- Tratamentos oncológicos inovadores: Quando a quimioterapia convencional não apresenta resultados, o plano foi obrigado a cobrir medicamentos inovadores recomendados pelo médico.
- Doenças raras: A Justiça determinou que a operadora fornecesse tratamentos experimentais, mesmo fora do Rol da ANS, devido à falta de alternativas viáveis.
- Uso compassivo de medicamentos: Tribunais têm considerado que negar terapias eficazes, mesmo experimentais, coloca em risco a vida do paciente e configura prática abusiva.
6. Por Que Garantir o Acesso aos Tratamentos Experimentais é Importante?
O acesso a tratamentos inovadores e experimentais pode ser decisivo para pacientes que lutam contra doenças graves. Os principais benefícios incluem:
- Maior chance de controle ou cura da doença;
- Melhoria na qualidade de vida do paciente;
- Acesso a tecnologias avançadas que ainda estão em desenvolvimento;
- Esperança para casos onde não há outras opções de tratamento disponíveis.
Negar esses tratamentos, quando indicados por um médico, pode significar agravar o quadro clínico ou até mesmo colocar a vida do paciente em risco.
7. Conclusão
A negativa de cobertura para tratamentos experimentais pelos planos de saúde, quando o procedimento é essencial e possui comprovação científica, é abusiva e pode ser contestada judicialmente. O direito à saúde é prioritário e deve prevalecer sobre cláusulas contratuais restritivas.
Se você ou alguém próximo enfrenta dificuldades para obter a cobertura de um tratamento experimental, não desista! Reúna os documentos necessários, procure orientação jurídica e faça valer seus direitos.
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