A negativa de tratamento por parte dos planos de saúde é uma realidade enfrentada por muitos pacientes no Brasil. Seja para procedimentos, exames ou medicamentos essenciais, esse tipo de recusa pode gerar prejuízos graves à saúde do beneficiário e levar a consequências jurídicas severas para as operadoras.
Mas afinal, quais são os direitos dos pacientes e até onde vai a responsabilidade das operadoras? Neste artigo, vamos esclarecer as questões legais envolvidas, abordar as principais decisões judiciais sobre o tema e mostrar como o paciente pode buscar seus direitos quando enfrenta a negativa de tratamento.
O Que Diz a Lei Sobre a Negativa de Tratamento?
No Brasil, a relação entre os consumidores e os planos de saúde é regida por:
- Lei nº 9.656/98 (Lei dos Planos de Saúde);
- Código de Defesa do Consumidor (CDC);
- Resoluções da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
Essas normas garantem que o plano de saúde deve cobrir procedimentos, tratamentos e medicamentos previstos no contrato e no Rol de Procedimentos da ANS, uma lista que define a cobertura mínima obrigatória para os beneficiários.
Principais obrigações das operadoras:
- Garantir o acesso a tratamentos essenciais e previstos em contrato;
- Cumprir os prazos máximos para consultas, exames e cirurgias, conforme regulamentação da ANS;
- Justificar, por escrito, qualquer negativa de cobertura com base legal e contratual.
Importante: Mesmo quando o tratamento solicitado não está no rol da ANS, os tribunais brasileiros têm entendido que ele deve ser garantido caso seja imprescindível para a saúde do paciente, conforme prescrição médica.
Principais Situações de Negativa de Tratamento
As negativas de tratamento podem ocorrer por diversas razões, sendo as mais comuns:
- Tratamento Fora do Rol da ANS
Planos alegam que o procedimento ou medicamento não consta na lista obrigatória. - Carência Contratual
Quando o beneficiário ainda está dentro do período de carência estabelecido pelo plano, mas necessita de tratamento urgente. - Caráter Experimental do Tratamento
Recusa sob a alegação de que a terapia solicitada não possui comprovação científica suficiente. - Exclusões Contratuais
Negativas baseadas em cláusulas que limitam a cobertura, muitas vezes abusivas e em desacordo com o CDC. - Falta de Urgência ou Emergência
Em situações graves, a operadora pode tentar questionar o caráter emergencial do atendimento solicitado.
Direitos dos Pacientes em Caso de Negativa de Tratamento
Os pacientes possuem direitos fundamentais garantidos por lei ao enfrentarem negativas de tratamento injustificadas. Confira os principais:
1. Direito à Saúde e à Vida
A saúde é um direito protegido pela Constituição Federal (art. 196), que estabelece o dever do Estado e das operadoras de garantir tratamentos adequados.
2. Proteção Contra Cláusulas Abusivas
O Código de Defesa do Consumidor (CDC) proíbe cláusulas que coloquem o consumidor em desvantagem excessiva ou restrinjam seus direitos essenciais.
3. Cobertura de Tratamentos Necessários
Mesmo que o tratamento não esteja no rol da ANS, o plano pode ser obrigado a cobri-lo, desde que haja prescrição médica e comprovação de necessidade.
4. Direito à Informação
As operadoras são obrigadas a fornecer uma justificativa por escrito em caso de negativa, com base na legislação ou no contrato.
Consequências Legais para os Planos de Saúde
As operadoras que negam tratamentos sem justificativa adequada podem enfrentar consequências jurídicas severas, como:
1. Ações de Obrigação de Fazer
O paciente pode ingressar na Justiça para obrigar o plano a autorizar e custear o tratamento negado.
2. Indenização por Danos Morais e Materiais
A negativa indevida pode gerar sofrimento físico, emocional e financeiro ao paciente, resultando em condenação por danos morais e materiais.
3. Multas e Fiscalização pela ANS
A ANS pode aplicar multas elevadas às operadoras que descumprem suas obrigações, além de fiscalizar a atuação dos planos de saúde.
Decisões Judiciais Sobre a Negativa de Tratamento
A jurisprudência brasileira tem sido amplamente favorável aos pacientes em casos de negativas de tratamento injustificadas. Veja alguns exemplos:
- Medicamentos Fora do Rol da ANS: O Superior Tribunal de Justiça (STJ) já decidiu que o rol da ANS é exemplificativo e que o tratamento pode ser autorizado se for essencial para a saúde do paciente.
- Urgência em Tratamentos: Em casos de risco à vida, os tribunais determinam que o plano de saúde deve cobrir o tratamento, mesmo durante o período de carência.
- Tratamentos Experimentais: Quando há recomendação médica e estudos que comprovem a eficácia, a Justiça tem autorizado o uso de tratamentos considerados “experimentais” pelas operadoras.
O Que Fazer em Caso de Negativa de Tratamento?
Se você recebeu uma negativa indevida do plano de saúde, siga os seguintes passos:
- Solicite a Justificativa por Escrito
Exija que a operadora forneça a negativa com embasamento técnico e legal. - Reúna Documentos e Provas
Obtenha cópias do pedido médico, laudos, exames e demais documentos que comprovem a necessidade do tratamento. - Registre Reclamação na ANS
Denuncie a negativa de cobertura pelo site ou telefone da Agência Nacional de Saúde Suplementar. - Procure Assistência Jurídica
Com o apoio de um advogado especializado, ingresse com ação judicial solicitando a cobertura do tratamento e, se cabível, indenização por danos morais.
Conclusão: O Direito à Saúde Não Pode Ser Negado
A negativa de tratamento por parte dos planos de saúde é uma prática que coloca em risco a vida e a dignidade dos pacientes. Felizmente, o ordenamento jurídico brasileiro assegura que os beneficiários possam lutar por seus direitos e responsabilizar as operadoras por condutas abusivas.
Se você ou alguém que conhece enfrentou essa situação, busque orientação jurídica e exija o cumprimento dos direitos garantidos por lei.
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