Requisitos Jurídicos para a Execução de Emendas Parlamentares no Município

Para que uma emenda se converta em benefício real, é preciso respeitar todos os requisitos legais

Milhares de municípios brasileiros recebem recursos oriundos de emendas parlamentares, seja para obras, aquisição de equipamentos ou custeio de serviços. No entanto, executar corretamente esses recursos requer conhecimento técnico e jurídico detalhado, já que o não cumprimento dos requisitos legais pode levar à devolução da verba, suspensão da obra, ou até à responsabilização do gestor público.

Neste artigo, você conhecerá os principais requisitos jurídicos para que um município possa receber, aplicar e prestar contas de forma segura e legal dos recursos provenientes de emendas parlamentares.


Quais os tipos de emendas que podem ser executadas no município?

Os municípios podem ser beneficiários de diversos tipos de emendas:

  • Emendas Individuais Impositivas (EC 86/2015);

  • Emendas de Bancada Estadual (EC 100/2019);

  • Emendas de Comissão;

  • Emendas de Relator (limitadas após decisões do STF).

Cada uma dessas modalidades exige instrumentos específicos de formalização entre o ente federal (como ministérios) e o município, sendo a maioria operacionalizada via Plataforma +Brasil, antigo SICONV.

O município só pode executar a emenda se atender aos requisitos legais, técnicos e administrativos exigidos na formalização.


Principais requisitos jurídicos para a execução da emenda

Abaixo, os principais critérios que o município deve observar:

  1. Cadastro regular na Plataforma +Brasil, com documentos atualizados e vigência ativa de CNPJ.

  2. Envio tempestivo de proposta ao órgão concedente, contendo plano de trabalho, metas, cronograma físico-financeiro e compatibilidade orçamentária.

  3. Formalização de convênio, termo de compromisso ou contrato de repasse, com publicação e assinatura nos prazos legais.

  4. Cumprimento de contrapartida (se exigida), em conformidade com a Lei de Responsabilidade Fiscal.

  5. Prestação de contas transparente, com documentos fiscais, relatórios de execução e registros fotográficos ou físicos do objeto executado.

A ausência ou falha em qualquer desses requisitos pode levar à rescisão do convênio, devolução do valor recebido e responsabilização do gestor.


Exemplo prático: execução correta x execução irregular

Execução correta: um município recebe R$ 250 mil via emenda parlamentar para compra de ambulância. Apresenta plano de trabalho em tempo hábil, o convênio é assinado, a compra é feita via licitação, e a prestação de contas é aprovada pelo ministério competente. Resultado: recurso integralmente utilizado e aprovação sem ressalvas.

Execução irregular: outro município recebe mesma emenda, mas adquire veículo com marca/modelo diferente do especificado, sem licitação e com nota fiscal de empresa ligada a parente do secretário de saúde. O ministério suspende o repasse e o TCU recomenda a devolução dos valores.

O detalhe na execução pode separar o gestor que entrega resultados do que responde por improbidade.


Documentos essenciais e prazos críticos

Além da documentação técnica, o município deve:

  • Monitorar o prazo de vigência do convênio ou termo de repasse;

  • Iniciar a execução do objeto dentro do período de execução pactuado;

  • Encerrar a prestação de contas até 60 dias após o fim do convênio, sob pena de inscrição em inadimplência no CAUC.

Perder um prazo pode significar a suspensão de novos repasses e comprometimento de políticas públicas locais.


Conclusão: execução segura exige gestão técnica e jurídica

Executar uma emenda parlamentar não é apenas gastar dinheiro. É um processo que exige planejamento, conhecimento jurídico, atenção aos detalhes e compromisso com a legalidade. Muitos prefeitos comprometem sua gestão por desconhecerem os trâmites legais que envolvem o uso da verba parlamentar.

Para garantir que a emenda se transforme em benefício à população — e não em dor de cabeça ao gestor — é fundamental seguir todos os requisitos jurídicos com rigor.

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