O uso da tecnologia de localização na regulamentação de visitas: privacidade versus segurança

A tecnologia de localização, como os aplicativos de GPS em smartphones, oferece aos pais uma aparente tranquilidade: a possibilidade de saber onde o filho está a qualquer momento. No contexto de uma regulamentação de visitas, essa ferramenta pode ser vista como uma forma de garantir a segurança do menor. No entanto, a linha entre a proteção e a invasão de privacidade é tênue e perigosa. O uso excessivo de localizadores pode gerar um ambiente de desconfiança, violar o direito à intimidade da criança e até mesmo caracterizar uma forma de controle.

O uso de aplicativos de localização, como o Find My Friends ou o Google Maps, tem se tornado cada vez mais comum. Para um genitor, especialmente o que não tem a guarda principal, a ferramenta pode aliviar a ansiedade e o medo. Mas para a criança, e para o outro genitor, pode ser uma violação da privacidade e da confiança. A sensação de estar sendo rastreado o tempo todo pode minar a autonomia da criança e gerar um sentimento de sufocamento. Além disso, o monitoramento constante demonstra uma falta de confiança no outro genitor, o que agrava os conflitos da separação.

O melhor interesse da criança exige um equilíbrio. É aceitável que os pais usem a tecnologia para garantir a segurança em situações específicas, como quando a criança está em um ambiente desconhecido ou durante uma viagem. No entanto, o monitoramento constante e sem razão aparente pode ser considerado abusivo. O uso de localizadores, sem consentimento ou justificativa, pode ser interpretado como uma forma de controle, gerando um ambiente de hostilidade e desconfiança.

Para evitar esses problemas, a regulamentação de visitas deve abordar o tema da tecnologia. Os pais podem acordar, por exemplo, em uma comunicação via telefone em horários específicos, em vez de um rastreamento constante. A mediação familiar é uma ferramenta ideal para que os pais discutam esse tema de forma aberta, honesta e sem acusações. O objetivo é construir a confiança, não a vigilância.

A privacidade da criança é um de seus direitos fundamentais. A tecnologia de localização pode ser uma ferramenta útil, mas não deve ser usada como uma forma de controle. O verdadeiro senso de segurança vem da comunicação e da confiança, não de um ponto no mapa. Proteja seu filho, mas respeite sua liberdade.

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