O Papel do Advogado na Condução da Investigação Defensiva: Técnicas, Diligências e Estratégias

Introdução: A Atuação Proativa do Advogado no Sistema de Justiça

No cenário jurídico contemporâneo, a figura do advogado deixou de ser apenas reativa e passou a ocupar um papel protagonista na busca pela verdade real. Com a regulamentação da investigação defensiva pelo Provimento nº 188/2018 da OAB, a advocacia ganhou uma ferramenta essencial para equilibrar as condições entre defesa e acusação, garantindo o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa.

Neste contexto, o advogado desempenha um papel fundamental na condução de diligências investigativas, aplicando técnicas e estratégias para reunir provas lícitas que fortaleçam a defesa de seus clientes. Mas quais são as principais atividades e como conduzi-las de forma ética e eficaz? É o que vamos explorar neste artigo.


O Que é a Investigação Defensiva e Qual a Função do Advogado?

A investigação defensiva consiste em diligências realizadas por advogados, de forma autônoma e independente, para coletar provas e informações em favor da defesa. Seu objetivo é garantir a paridade de armas entre defesa e acusação, permitindo que o advogado atue de forma proativa no processo judicial.

O advogado, ao conduzir a investigação defensiva, deve:

  • Buscar elementos de prova que favoreçam seu cliente.
  • Complementar ou contestar as provas apresentadas pela acusação.
  • Respeitar os limites éticos e legais, garantindo a validade das provas produzidas.

Ao exercer esse papel, o advogado contribui não apenas para a proteção dos direitos fundamentais de seus clientes, mas também para um processo mais justo e equilibrado.


Principais Técnicas e Ferramentas da Investigação Defensiva

A condução de uma investigação defensiva eficiente requer habilidade técnica e conhecimento das ferramentas jurídicas disponíveis. Confira as principais técnicas utilizadas pelos advogados:

1. Entrevista com Testemunhas

O advogado pode entrevistar pessoas que possam fornecer informações relevantes sobre o caso, como testemunhas, especialistas ou partes envolvidas.

  • Estratégia: Realizar entrevistas de forma voluntária e ética, sem qualquer coação ou intimidação.
  • Finalidade: Esclarecer fatos, identificar inconsistências e obter relatos que fortaleçam a defesa.

2. Requisição e Análise de Documentos

A obtenção de documentos públicos ou privados é uma ferramenta valiosa para comprovar versões defensivas.

  • Estratégia: Solicitar certidões, contratos, e-mails e registros que possam embasar os argumentos da defesa.
  • Finalidade: Produzir provas documentais capazes de contradizer as alegações da acusação.

3. Contratação de Peritos e Produção de Laudos Técnicos

O advogado pode contratar peritos independentes para realizar análises técnicas em áreas como contabilidade, medicina, engenharia e tecnologia.

  • Estratégia: Solicitar laudos detalhados que esclareçam pontos complexos e contestem perícias oficiais.
  • Finalidade: Apresentar provas técnicas que reforcem as teses defensivas.

Exemplo prático: Em um caso de acusação de falsificação, um laudo grafotécnico independente pode comprovar a autenticidade de um documento.

4. Revisão Crítica de Provas Existentes

O advogado deve analisar minuciosamente as provas apresentadas pela acusação, identificando falhas ou irregularidades.

  • Estratégia: Revisar documentos, laudos e depoimentos com olhar crítico e técnico.
  • Finalidade: Desqualificar provas frágeis ou contraditórias.

5. Acesso a Registros Públicos e Órgãos Oficiais

É possível obter informações relevantes em registros públicos, como cartórios, juntas comerciais e órgãos administrativos.

  • Estratégia: Requerer documentos que comprovem a versão do cliente.
  • Finalidade: Reforçar a defesa com informações oficiais e verificáveis.

Diligências na Investigação Defensiva: Boas Práticas

A condução de diligências exige planejamento estratégico e respeito às normas éticas. Veja algumas boas práticas para a atuação do advogado:

  1. Planejamento Detalhado: Antes de iniciar a investigação, o advogado deve definir os objetivos e as estratégias mais adequadas.
  2. Respeito à Legalidade: Toda prova deve ser obtida de forma lícita, sem violar direitos fundamentais, como a privacidade e o sigilo.
  3. Documentação de Resultados: As informações coletadas devem ser devidamente documentadas, garantindo sua validade processual.
  4. Sigilo Profissional: O advogado deve proteger o sigilo das informações obtidas, conforme o Código de Ética da OAB.
  5. Atuação Ética: Evitar qualquer comportamento que possa configurar fraude ou coação, sob pena de invalidar as provas e prejudicar a defesa.

Estratégias na Prática: O Papel Estratégico do Advogado

Além das técnicas investigativas, o advogado precisa atuar de forma estratégica, alinhando as informações obtidas às teses de defesa.

  • Identificação de Lacunas: A investigação defensiva pode revelar lacunas ou falhas na investigação oficial, enfraquecendo a acusação.
  • Produção de Contraprovas: Provas independentes podem contestar as provas da acusação, criando dúvidas sobre a narrativa adversa.
  • Negociação Estratégica: Informações obtidas na investigação defensiva podem ser usadas em negociações de acordos ou transações judiciais.

Conclusão: A Importância do Advogado na Investigação Defensiva

A investigação defensiva é uma ferramenta indispensável para fortalecer o direito de defesa e promover a igualdade de armas no processo judicial. O papel do advogado é conduzir essa investigação com técnica, ética e responsabilidade, utilizando diligências estratégicas para buscar a verdade real e proteger os interesses de seus clientes.

Ao atuar de forma proativa e planejada, o advogado não apenas fortalece a defesa, mas também contribui para um sistema de justiça mais justo e equilibrado.

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