O Papel das Redes Sociais no Processo de Adoção: Riscos e Benefícios

A ascensão das redes sociais mudou a forma como nos conectamos, nos informamos e até como criamos famílias. No contexto da adoção, plataformas como Instagram, Facebook e TikTok se tornaram palcos de discussões, grupos de apoio e, em alguns casos, até mesmo de tentativas de “match” entre crianças e pais. Essa nova dinâmica, contudo, é um campo minado, repleto de benefícios inspiradores e riscos alarmantes.
O lado positivo é inegável. As redes sociais permitem a criação de grupos de apoio e comunidades virtuais para pais adotivos e pretendentes. Nesses espaços, é possível trocar experiências, compartilhar dicas e obter suporte emocional, o que é fundamental em um processo tão complexo. Além disso, perfis e iniciativas de instituições confiáveis podem usar as redes sociais para divulgar informações sobre o processo de adoção, desmistificando o tema e incentivando novas candidaturas, especialmente para crianças e adolescentes com perfis mais difíceis de serem adotados.
No entanto, o uso imprudente das redes sociais pode ter consequências desastrosas. A divulgação de fotos e informações pessoais de crianças em acolhimento por pessoas ou grupos não autorizados é uma prática perigosa e, na maioria das vezes, ilegal. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) protege a identidade e a privacidade da criança, e a exposição indevida pode torná-la vulnerável a crimes como pedofilia, sequestro e exploração. O sigilo do processo de adoção, garantido pela lei, visa justamente proteger o menor de qualquer exposição desnecessária e prejudicial.
O debate jurídico e ético é intenso. Embora a intenção de quem divulga seja nobre, a prática do “mídia-ativismo” na adoção pode violar direitos fundamentais. Os especialistas em Direito de Família e Infância defendem que a única forma segura de divulgar informações sobre crianças em acolhimento é por meio de plataformas oficiais, como o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA), gerenciadas pelo Poder Judiciário. A adoção não é um produto que pode ser “vendido” nas redes sociais, mas um processo legal e psicossocial que exige cautela e responsabilidade.
Em suma, a tecnologia é uma ferramenta poderosa, mas seu uso no contexto da adoção exige discernimento e responsabilidade. As redes sociais podem e devem ser usadas para educar e apoiar, mas a busca por um filho deve sempre seguir os caminhos legais, protegendo a criança de qualquer risco e garantindo que o processo seja feito com o rigor e a seriedade que ele merece.