O Estudo Social e Psicológico nas Ações de Alimentos Complexas

Em uma ação de alimentos padrão, a discussão se concentra em documentos: contracheques, recibos, planilhas. O juiz analisa os números e aplica a fórmula do trinômio necessidade-possibilidade-proporcionalidade. No entanto, há casos em que a disputa vai muito além das finanças. Quando o processo é permeado por acusações graves, como alienação parental, negligência no cuidado com a criança ou suspeitas de desvio dos recursos da pensão, o juiz precisa de um olhar mais profundo, que transcenda o papel. É nesse cenário de alta complexidade que entram em cena o Estudo Social e o Estudo Psicológico, ferramentas técnicas que trazem a realidade da dinâmica familiar para dentro dos autos.

O Que São e Quando São Necessários o Estudo Social e Psicológico?

O Estudo Social e o Estudo Psicológico são perícias técnicas realizadas por profissionais especializados do próprio Judiciário (assistentes sociais e psicólogos) ou por peritos nomeados pelo juiz. Eles não são uma etapa obrigatória de toda ação de alimentos. São requeridos pelo juiz, pelo Ministério Público ou pelas partes apenas em casos de alta complexidade, onde a simples análise de documentos é insuficiente para formar a convicção do magistrado. O objetivo é fornecer ao juiz um laudo técnico imparcial sobre a dinâmica da família, as condições de vida da criança e o contexto emocional dos envolvidos.

A Atuação do Assistente Social: Um Retrato da Realidade Social

O Estudo Social, conduzido pelo assistente social, tem como foco a análise da realidade material e social da família. O profissional irá realizar entrevistas com os pais e com a criança (utilizando técnicas adequadas a cada idade) e, fundamentalmente, realizará visitas domiciliares à residência de ambos os genitores. Durante a visita, o assistente social observará as condições de moradia, higiene, organização, a rotina da criança e a interação dela com o genitor. O laudo social trará um retrato fiel das condições de vida e poderá, por exemplo, confirmar ou desmentir alegações sobre as necessidades da criança ou sobre o padrão de vida de um dos pais.

A Atuação do Psicólogo: Um Mergulho na Dinâmica Emocional

O Estudo Psicológico, por sua vez, foca na saúde emocional e nas relações afetivas. O psicólogo judicial realizará sessões de entrevistas com os pais e a criança, separadamente e, por vezes, em conjunto. Seu objetivo é avaliar a qualidade dos vínculos afetivos, identificar possíveis sinais de sofrimento psíquico na criança, e verificar a existência de situações como a alienação parental. Em casos de disputa de guarda associada aos alimentos, o laudo psicológico é uma peça de valor inestimável, ajudando o juiz a entender qual ambiente é mais saudável para o desenvolvimento da criança.

O laudo produzido por esses profissionais não vincula a decisão do juiz, ou seja, ele não é obrigado a decidir conforme o que está escrito no relatório. No entanto, por se tratar de uma análise técnica, imparcial e detalhada, realizada por especialistas, o Estudo Social e/ou Psicológico exerce uma influência gigantesca na formação da convicção do magistrado. Em casos onde a palavra de um contradiz a do outro e as provas documentais são frágeis, o laudo pericial muitas vezes se torna a peça central que ilumina o caminho para uma decisão mais justa, informada e, acima de tudo, protetiva aos interesses da criança.

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