O direito de convivência e a liberdade religiosa: como lidar com crenças diferentes na família

A religião é um dos pilares da vida de muitas pessoas, oferecendo conforto, propósito e uma comunidade. No entanto, no contexto de uma separação, as diferenças de fé podem se tornar um motivo de conflito e uma barreira para a regulamentação de convivência. Quando um pai é católico e a mãe é protestante, ou quando um genitor se converte a uma nova fé, o outro pode temer que o filho seja “doutrinado” ou afastado de suas crenças de origem. A boa notícia é que o Direito de Família brasileiro, com base no princípio da liberdade religiosa, garante que a criança tem o direito de conviver com ambos os pais, independentemente de suas crenças.
A Constituição Federal assegura a liberdade de crença e de culto para todos os cidadãos. Esse princípio também se aplica às crianças, que têm o direito de conhecer e de conviver com as religiões de ambos os genitores. O juiz, ao lidar com casos onde a religião é um ponto de conflito, não irá privilegiar uma fé em detrimento de outra. O que ele irá buscar é o equilíbrio e a garantia de que a criança não seja exposta a uma disputa religiosa, que pode ser prejudicial ao seu desenvolvimento psicológico.
A regulamentação de convivência deve ser elaborada de forma a respeitar as crenças de ambos os genitores, sem que um tente proibir o outro de levar a criança a cultos ou eventos religiosos. O que se proíbe é o proselitismo agressivo, a manipulação ou a crítica à religião do outro genitor. O objetivo é que a criança aprenda a respeitar as diferenças e a viver em harmonia com ambas as crenças, sem ser forçada a escolher um lado.
A mediação familiar é a ferramenta ideal para que os pais possam dialogar sobre esse tema sensível. Com a ajuda de um mediador, eles podem criar um plano de convivência que preveja a participação da criança nas atividades religiosas de ambos os pais, e que defina limites para as discussões sobre fé. É fundamental que os pais entendam que o maior presente que podem dar ao filho é o respeito e a tolerância.
A regulamentação de visitas não deve ser uma batalha religiosa, mas uma forma de garantir que a criança tenha acesso à totalidade de sua família e de suas crenças. O amor e a tolerância são os pilares de uma convivência saudável, e o Direito de Família está aqui para protegê-los. O que mais importa é que a criança seja feliz, e a felicidade se encontra na harmonia, e não na disputa.