IA e Direito Penal: Pode um Algoritmo Auxiliar na Tipificação de Crimes?

A tecnologia pode ajudar a punir… ou a errar?

Imagine um sistema que cruza provas, histórico de réus e jurisprudência para indicar o crime mais provável. Parece útil, mas perigoso. Afinal, estamos falando de liberdade, presunção de inocência e o princípio da legalidade.

Onde está o risco?

No Brasil, ninguém pode ser condenado senão por força de lei anterior (art. 5º, XXXIX, da Constituição). A IA, por sua vez, funciona com base em padrões e estatísticas — e não em princípios. Isso significa que ela pode:

  • Induzir autoridades a enquadramentos penais equivocados;

  • Reforçar preconceitos implícitos;

  • Ignorar nuances humanas cruciais ao processo penal.

A IA pode ajudar?

Sim — desde que usada com limites. Sistemas de IA podem auxiliar:

  • Na pesquisa de jurisprudência penal;

  • Na organização de provas digitais;

  • No reconhecimento de padrões investigativos.

Mas jamais devem sugerir penas ou substituir a função decisória de juízes, delegados ou promotores.

O que dizem especialistas?

Doutrinadores alertam: o Direito Penal não admite interpretações extensivas via IA. Isso fere o princípio da taxatividade e pode gerar arbitrariedades tecnológicas.


Tecnologia pode ser ferramenta — mas nunca tribunal. Em matéria penal, a única inteligência aceitável ainda é a humana.

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