Emenda Parlamentar Individual x Emenda de Bancada: Diferenças Jurídicas e Práticas

Entenda as regras, os limites legais e o impacto político desses dois modelos de destinação de recursos públicos

O orçamento público é um dos instrumentos mais poderosos de transformação social. E dentro dele, as emendas parlamentares são peças fundamentais — porém complexas. Muitos confundem os diferentes tipos de emendas, especialmente as individuais e as de bancada, que embora pareçam semelhantes, possuem naturezas jurídicas distintas, tratamento constitucional próprio e impactos práticos muito diferentes.

Neste artigo, você entenderá de forma clara e objetiva as principais diferenças jurídicas e operacionais entre as emendas parlamentares individuais e as de bancada, com base na legislação vigente, jurisprudência atualizada e exemplos concretos da sua aplicação.


O que são emendas parlamentares individuais?

As emendas individuais são aquelas apresentadas por deputados ou senadores, de forma isolada, ao Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA). A Constituição, após a Emenda Constitucional nº 86/2015, conferiu natureza impositiva a essas emendas, o que significa que a União é obrigada a executar o valor indicado pelo parlamentar, desde que observados os limites legais.

Cada parlamentar pode apresentar até R$ 25 milhões em emendas individuais, de acordo com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Metade do valor deve obrigatoriamente ser destinado à saúde, conforme o art. 166, § 9º, da Constituição.

Essas emendas funcionam como um canal direto entre o parlamentar e sua base eleitoral, permitindo o atendimento de demandas específicas e locais.


O que são emendas de bancada?

As emendas de bancada são apresentadas coletivamente pelos parlamentares de um mesmo estado ou do Distrito Federal. Elas têm por objetivo financiar grandes projetos regionais, como hospitais, estradas, escolas técnicas e obras de infraestrutura com impacto estadual ou interestadual.

Desde a Emenda Constitucional nº 100/2019, essas emendas também passaram a ter caráter impositivo, com valor anual total correspondente a 1% da Receita Corrente Líquida (RCL) da União, dividida entre as bancadas.

Por serem construídas por consenso entre os parlamentares de um estado, essas emendas têm maior poder de mobilização, mas também enfrentam mais disputas internas na definição dos destinos.


Diferenças jurídicas fundamentais

Aspecto Emenda Individual Emenda de Bancada
Proponente Parlamentar isolado Parlamentares da mesma unidade federativa
Natureza jurídica Impositiva (EC 86/2015) Impositiva (EC 100/2019)
Valor anual 1,2% da RCL (por parlamentar) 1% da RCL (por bancada)
Destinação obrigatória 50% para ações de saúde pública Preferência para infraestrutura e projetos regionais
Disputa política Menor, mais autonomia individual Maior, depende de consenso entre parlamentares
Prestação de contas Direta pelo ente ou entidade beneficiária Geralmente envolve convênios com estados/municípios

Essas diferenças impactam diretamente a eficiência, o controle e o alcance das emendas, o que deve ser levado em consideração na elaboração de políticas públicas.


Exemplos práticos de aplicação

Um deputado federal pode, por meio de uma emenda individual, destinar R$ 500 mil para custeio de um hospital em sua cidade natal. Já uma emenda de bancada pode alocar R$ 30 milhões para duplicação de uma rodovia federal que cruza o estado inteiro, beneficiando vários municípios.

Enquanto as emendas individuais respondem a demandas locais e pontuais, as de bancada atendem grandes projetos estratégicos. Ambas, porém, devem ser fiscalizadas com rigor.


Conclusão: saber a diferença é fundamental para garantir a boa aplicação do dinheiro público

Emendas individuais e emendas de bancada são instrumentos legítimos de atuação parlamentar, mas exigem responsabilidade, transparência e planejamento técnico. Conhecer suas diferenças jurídicas e operacionais é essencial para gestores públicos, advogados, servidores e cidadãos.

Afinal, cada real investido corretamente em uma emenda é um passo concreto na construção de um país mais justo e eficiente. E cada real mal utilizado pode significar vidas perdidas, obras inacabadas ou políticas públicas fracassadas.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo