Divórcio e o abandono de lar: quais as consequências legais?

A Fuga do Lar: Quando a Saída de Casa se Torna um Problema Legal

Em um momento de crise conjugal, a decisão de sair de casa pode parecer a única solução. No entanto, o abandono de lar, que é a saída de um dos cônjuges do domicílio familiar por um período prolongado sem justificativa, pode ter sérias consequências legais no divórcio. Você sabia que a lei brasileira considera o abandono de lar um ato que pode influenciar a partilha de bens e, em alguns casos, a guarda dos filhos? É um tema delicado que exige cuidado e a orientação correta.


O que Caracteriza o Abandono de Lar?

Para ser considerado abandono de lar, a saída do cônjuge deve preencher três requisitos principais: a falta de justificação para a saída, a intenção de não retornar e a ausência por um período superior a um ano. Uma saída temporária, mesmo que por alguns meses, não configura o abandono. Se a saída foi motivada por violência, por exemplo, ela é totalmente justificável e não será considerada abandono de lar. O abandono, por sua vez, pode ser usado como prova para acelerar o processo de divórcio.


As Consequências Legais: Partilha de Bens e Usucapião Familiar

A principal consequência do abandono de lar é a possibilidade de a outra parte ajuizar uma ação de usucapião familiar. Essa modalidade de usucapião, prevista no artigo 1.240-A do Código Civil, permite que o cônjuge que permaneceu no imóvel, por mais de dois anos ininterruptos, adquira a totalidade do imóvel. Para isso, o imóvel deve ter até 250 metros quadrados e o casal não pode ter outro imóvel. A medida visa proteger o cônjuge que ficou no lar familiar, mas é uma punição severa para o cônjuge que abandonou o lar.


O Abandono e a Guarda dos Filhos: Um Fator Decisivo

O abandono de lar também pode ter um impacto significativo na decisão de guarda dos filhos. O juiz, ao analisar o caso, pode entender que o cônjuge que abandonou o lar demonstrou desinteresse na criação dos filhos, o que pode influenciar na decisão pela guarda unilateral em favor daquele que permaneceu com as crianças. A atitude pode ser interpretada como um sinal de que o cônjuge que saiu do lar não é capaz de cuidar das crianças.


Evitando Problemas: A Melhor Estratégia é a Transparência

Se você está pensando em sair de casa, a melhor estratégia é formalizar a separação. Converse com seu cônjuge sobre a decisão e, se possível, documente a sua saída através de um acordo de separação de corpos, formalizado por um advogado. O documento servirá como prova de que a saída foi consensual, evitando que seja caracterizada como abandono de lar. Não permita que o fim do seu casamento se torne uma armadilha legal.

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