O Contrato de Trabalho Verde e Amarelo foi criado com o objetivo de estimular a contratação de jovens e reduzir o desemprego no Brasil. A proposta veio como uma tentativa de flexibilizar a relação trabalhista, oferecendo incentivos aos empregadores e oportunidades de inserção no mercado de trabalho para uma parcela vulnerável da população.
Embora a Medida Provisória nº 905/2019, que instituiu esse contrato, tenha sido revogada em abril de 2020, o debate sobre políticas similares continua presente no cenário jurídico e político brasileiro.
Neste artigo, explicaremos o que era o Contrato Verde e Amarelo, quais eram seus benefícios, os critérios aplicados e o que pode ser esperado em futuras propostas legislativas semelhantes.
O Que Era o Contrato Verde e Amarelo?
O Contrato de Trabalho Verde e Amarelo foi uma modalidade criada pela MP nº 905/2019, visando facilitar a contratação de jovens entre 18 e 29 anos que ainda não tivessem vínculo formal de trabalho.
As principais características desse contrato eram:
- Destinado a novos empregos para jovens sem registro anterior na CTPS;
- Prazo determinado: Podia durar até 24 meses;
- Redução de encargos para o empregador, como a desoneração de parte das contribuições previdenciárias;
- Salário limitado: Não poderia ultrapassar 1,5 salário mínimo nacional.
O foco era gerar oportunidades para a primeira experiência profissional, incentivando os empregadores a contratar jovens com menos custos e mais flexibilidade.
Benefícios do Contrato Verde e Amarelo
A medida buscava equilibrar os interesses de empregadores e empregados, com benefícios claros para ambas as partes.
Para o Empregador:
- Redução de encargos trabalhistas:
- Isenção da contribuição previdenciária patronal (20%);
- Redução do depósito do FGTS para 2% (em vez de 8%).
- Flexibilidade: A contratação era facilitada e permitia prazo determinado mais longo.
- Estímulo à geração de empregos: Menor custo na contratação incentivava as empresas a abrirem mais vagas.
Para o Empregado:
- Primeira oportunidade de trabalho: O contrato facilitava o acesso dos jovens ao mercado formal.
- Direitos preservados: Apesar da flexibilização, o trabalhador continuava com direito a:
- FGTS (ainda que reduzido);
- 13º salário;
- Férias proporcionais com adicional de 1/3.
- Inserção no mercado formal: Garantia de registro em carteira e direitos previdenciários.
Critérios para a Aplicação do Contrato Verde e Amarelo
Os empregadores precisavam atender a critérios específicos para aderir ao programa:
- Faixa etária: O contrato era exclusivo para jovens entre 18 e 29 anos.
- Vagas novas: A contratação não podia substituir empregos já existentes; deveria gerar novas vagas.
- Limite salarial: O salário máximo permitido era 1,5 salário mínimo.
- Limite de contratação: As empresas só podiam preencher até 20% de seus cargos com o Contrato Verde e Amarelo.
Esses critérios buscavam garantir que a medida fosse aplicada de forma controlada, beneficiando tanto as empresas quanto os trabalhadores.
Revogação da MP nº 905/2019
Apesar das intenções positivas, o Contrato Verde e Amarelo gerou muitas críticas e acabou sendo revogado em abril de 2020 pelo Congresso Nacional. Entre os principais pontos de contestação estavam:
- Redução do FGTS: O percentual de 2% foi considerado prejudicial ao trabalhador.
- Possível precarização: Muitos críticos apontaram que o contrato poderia reduzir a qualidade das relações de trabalho.
- Falta de consenso: A proposta gerou resistência entre sindicatos e órgãos de proteção ao trabalhador.
Apesar da revogação, o debate sobre a criação de programas semelhantes continua relevante, especialmente diante do desemprego juvenil no país.
Alternativas para a Inserção de Jovens no Mercado
Com a revogação do Contrato Verde e Amarelo, outras políticas e programas continuam a ser alternativas para a inserção de jovens no mercado de trabalho, como:
- Contratos de Aprendizagem
Regulamentados pela Lei nº 10.097/2000, os contratos de aprendizagem oferecem oportunidades a jovens entre 14 e 24 anos, combinando formação teórica e prática. - Estágio Supervisionado
Previsto pela Lei nº 11.788/2008, o estágio é uma porta de entrada importante para estudantes de ensino médio, técnico e superior. - Programas de Qualificação Profissional
Iniciativas públicas e privadas têm focado na capacitação dos jovens para aumentar suas chances de empregabilidade.
Perspectivas Futuras
A revogação da MP nº 905/2019 não significa o fim do debate sobre políticas de incentivo ao emprego. Propostas semelhantes podem surgir no Congresso Nacional, com ajustes para equilibrar os direitos dos trabalhadores e os interesses dos empregadores.
Empresas que desejam contratar jovens devem considerar alternativas seguras e legais, como contratos de aprendizagem ou estágio, que já estão bem regulamentados pela legislação brasileira.
Conclusão
O Contrato Verde e Amarelo representou uma tentativa de flexibilizar as relações de trabalho e reduzir o desemprego entre jovens. Embora tenha sido revogado, o debate sobre a necessidade de políticas voltadas à geração de empregos para essa faixa etária permanece atual.
Se você é empregador e deseja contratar jovens de maneira legal e segura ou se você é trabalhador e busca entender seus direitos em contratos alternativos, a orientação de um advogado especializado em Direito do Trabalho pode fazer toda a diferença.