Como Identificar os Sinais da Alienação Parental? Um Guia para Pais e Mães

A alienação parental é uma sombra que paira sobre muitas separações conflituosas. É uma forma de abuso sutil, progressiva e que se disfarça de cuidado e proteção. O genitor alienador, muitas vezes de forma inconsciente, movido por mágoas e pelo desejo de vingança, inicia uma campanha para afastar o filho do outro genitor. Para o pai ou a mãe que se torna o alvo (o genitor alienado), a dor de ver o amor do filho se transformar em medo, raiva ou indiferença é indescritível. Identificar os sinais precoces dessa manipulação é o primeiro passo para combatê-la e proteger a saúde emocional do seu filho. Este guia prático visa ajudá-lo a reconhecer os principais indicadores de que uma campanha de alienação parental pode estar em curso.

O primeiro conjunto de sinais a observar está no comportamento do próprio genitor alienador. A alienação raramente começa com a criança; ela se inicia nas atitudes daquele que detém mais tempo de guarda ou que exerce maior influência. Fique atento se o outro genitor:

  • Dificulta o Contato: Cancela visitas em cima da hora com desculpas pouco plausíveis, não atende o telefone quando você liga para falar com o filho, ou alega que a criança “não quer” falar com você.
  • Desqualifica Você para a Criança: Faz comentários negativos sobre sua pessoa, sua profissão, sua nova família ou seu caráter na frente da criança. Conta detalhes íntimos e depreciativos sobre o fim do relacionamento.
  • Toma Decisões Unilaterais: Matricula a criança em uma nova atividade ou muda o filho de escola sem consultá-lo, com o objetivo claro de sabotar os dias de convivência.
  • Apresenta-se como Vítima: Pinta um retrato de si mesmo como o “bom” e o “sofredor”, e de você como o “mau” e o “culpado” pelo fim da família.

O segundo, e mais doloroso, conjunto de sinais aparece no comportamento da própria criança ou adolescente. É importante lembrar que a criança é uma vítima nesse processo, e suas atitudes são um reflexo da manipulação que está sofrendo. Os sinais clássicos incluem:

  • Recusa Injustificada em Ver Você: A criança, que antes gostava da sua companhia, passa a se recusar a ir para a sua casa, sem apresentar um motivo real e coerente para tal.
  • Repetição de Discurso Adulto: A criança usa palavras e argumentos que claramente não são seus para criticá-lo. Ela repete as mesmas frases e acusações feitas pelo genitor alienador.
  • Ausência de Ambivalência: A criança passa a enxergar os pais de forma maniqueísta: o alienador é perfeito e isento de defeitos, enquanto o alienado é totalmente mau e não tem qualidades. Ela se esquece de todos os bons momentos que viveram juntos.
  • Defesa Fervorosa do Alienador: A criança defende o genitor alienador de forma incondicional, mesmo quando ele está claramente errado.
  • Uso de “Falsas Memórias”: A criança começa a relatar eventos negativos que nunca aconteceram, implantados em sua mente pelo alienador.
  • Expansão do Ódio: A hostilidade, que antes era direcionada apenas a você, se estende a toda a sua família (avós, tios, primos) sem que eles tenham feito nada para merecer.

Ao identificar um ou mais desses conjuntos de sinais, é crucial agir com calma e estratégia. O primeiro impulso é confrontar o genitor alienador ou tentar forçar a criança a “ver a verdade”, o que geralmente é contraproducente e só reforça a narrativa do alienador de que você é agressivo ou descontrolado.

A abordagem correta envolve: 1) Documentar Tudo: Salve mensagens, grave conversas (se permitido legalmente em seu contexto), anote em um diário cada episódio de dificuldade de contato ou cada frase estranha dita por seu filho, com datas e contextos. 2) Buscar Ajuda Profissional: Procure um psicólogo para você e, se possível, para a criança, para ter um acompanhamento técnico da situação. 3) Consultar um Advogado Especialista: Leve toda a sua documentação a um advogado de confiança para que ele possa orientá-lo sobre as medidas judiciais cabíveis. Não espere a situação se agravar. A alienação parental é como uma doença progressiva; quanto mais cedo o diagnóstico e o início do tratamento, maiores as chances de cura do vínculo com seu filho.

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