O discurso de que a adultização é uma forma de “empoderamento” infantil é um dos mais perigosos de nosso tempo. Ele esconde, sob uma camada de positividade e auto-estima, uma realidade de imposição e de negação da infância. De maquiagem para crianças a poses adultas nas redes sociais, tudo é justificado com a ideia de que “a criança está se expressando”. Mas, ao invés de dar poder à criança, essa adultização a torna mais vulnerável. O que realmente significa empoderar, e como o Direito pode intervir quando o discurso de empoderamento se torna uma desculpa para a exploração?
O Falso Empoderamento e a Projeção de Valores Adultos
O verdadeiro empoderamento de uma criança não está em fazer escolhas que a tornam parecida com um adulto. Está na liberdade de ser criança, de brincar sem regras, de explorar, de errar e de se desenvolver no seu próprio tempo. O discurso de “empoderamento” que a adultização usa é, na verdade, uma projeção dos valores adultos de beleza, sucesso e performance. A criança é “empoderada” para usar maquiagem e saltos, mas não é empoderada para dizer não a uma foto ou a uma exposição que a incomoda. O ECA, em seu artigo 15, garante à criança o direito de ter sua opinião levada em conta, e a adultização, ao impor um estilo de vida, nega essa autonomia.
As Consequências Psicológicas da Imitação
A adultização que se disfarça de empoderamento tem sérias consequências psicológicas. A criança é forçada a construir sua identidade a partir de uma imitação de um adulto, o que causa um conflito interno e uma fragilidade na autoestima. Ela aprende que sua beleza e seu valor estão atrelados a um padrão que não é o dela. Isso pode levar a ansiedade, depressão e problemas de identidade na adolescência e na vida adulta. O direito a um desenvolvimento pleno e saudável, garantido pelo ECA, é violado quando a criança é forçada a “queimar etapas” e a viver uma vida que não é a dela.
A Abordagem Jurídica: Desmascarando a Desculpa
A Justiça, ao se deparar com casos de adultização, deve ir além do discurso de “empoderamento”. É preciso analisar a situação a partir da perspectiva da criança: ela está sendo exposta a riscos? Sua dignidade e integridade estão sendo violadas? A lei reconhece que o poder de decisão dos pais não é absoluto e que o melhor interesse da criança deve ser sempre a prioridade. O Ministério Público pode intervir para garantir a proteção, mesmo que os pais justifiquem suas ações com o discurso de “empoderamento”.
O Que É o Real Poder?
Para combater a adultização disfarçada de empoderamento, é preciso um gatilho de verdade. A sociedade precisa entender que o real poder de uma criança está em sua inocência, em sua criatividade e em sua capacidade de se maravilhar com o mundo. O nosso papel é dar a ela as ferramentas para que ela seja uma adulta forte e autêntica, e isso começa por permitir que ela seja, simplesmente, uma criança.
A adultização não é a resposta para os problemas da infância. A resposta é o respeito e a proteção. E você, está pronto para desmascarar a mentira do “empoderamento” e lutar pelo direito de uma criança de ser livre?