A Paternidade por Reprodução Assistida: O que Acontece se o Pai Biológico For Diferente?

O avanço da ciência e os desafios da lei.
A reprodução assistida trouxe a possibilidade de ter filhos para casais que não podiam conceber naturalmente. No entanto, essa tecnologia levanta questões jurídicas complexas, especialmente quando o pai biológico é diferente do pai que registrou a criança. Este artigo explora as particularidades da paternidade por reprodução assistida, as leis que a regulamentam e o que acontece quando há um conflito entre a vontade e a biologia.
Paternidade Legal vs. Paternidade Biológica
No Brasil, a paternidade por reprodução assistida é regulamentada por resoluções do Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela jurisprudência. A regra é clara: o pai legal é aquele que manifestou o desejo de ser pai, independentemente de ser o pai biológico. Se o material genético foi doado, o doador não tem qualquer direito ou dever em relação à criança. A paternidade é do pai que aceitou a reprodução assistida.
No entanto, pode haver conflito se o pai biológico for diferente do pai legal. Se um doador de sêmen for identificado, ele não pode entrar com uma ação de investigação de paternidade, pois não há laço de família. O único pai legal é aquele que assinou o termo de consentimento.
O Direito de Acesso à Origem Genética
Apesar de o doador não ser o pai legal, a discussão sobre o direito da criança de conhecer sua origem genética é um ponto de debate. Muitos defendem que a criança tem o direito de saber quem é o doador, para fins de saúde (histórico de doenças genéticas) ou de curiosidade. No entanto, a lei não prevê essa possibilidade, pois a doação é anônima.
A legislação protege o anonimato do doador, mas a jurisprudência pode evoluir para permitir o acesso à informação, se for para o melhor interesse da criança. O direito à identidade genética, nesse caso, pode superar o direito à privacidade do doador.
O Futuro da Paternidade por Reprodução Assistida
A reprodução assistida é um campo em constante evolução, e a lei tem que evoluir para acompanhá-la. A paternidade, nesse contexto, é um conceito que se baseia na vontade, no afeto e na responsabilidade, e não apenas na biologia. O pai é aquele que assume a responsabilidade de cuidar, e a lei protege essa vontade.
Em suma, a paternidade por reprodução assistida é um exemplo de como a ciência e o direito caminham juntos para criar novas formas de família. A lei protege a vontade de ser pai, e garante que o amor seja a base da filiação.