A Importância do Estágio de Convivência na Formação do Vínculo Familiar

Se a adoção é o ato jurídico que formaliza a filiação, o estágio de convivência é o período que constrói o vínculo afetivo. Essa etapa, prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), é crucial e obrigatória na maioria dos casos de adoção. É o momento em que pretendentes e criança se conhecem, aprendem a conviver e, de fato, se tornam uma família, fora do ambiente do abrigo.
O estágio de convivência é um período de testes, mas no melhor sentido da palavra. Ele é uma oportunidade para que a família e a criança se adaptem. O tempo de duração pode variar, mas geralmente dura entre 30 e 90 dias. A lei permite que ele seja prorrogado ou, em casos excepcionais, até mesmo dispensado, se o juiz entender que o vínculo de afeto já é sólido. No entanto, a regra geral é que essa etapa seja cumprida com rigor, pois é nela que a Justiça pode avaliar se a adoção é realmente o melhor para a criança.
Durante esse período, a família e a criança são acompanhadas por uma equipe psicossocial do Poder Judiciário. Essa equipe faz visitas, relatórios e oferece suporte para que as eventuais dificuldades sejam superadas. A presença desse apoio é vital, pois a adaptação nem sempre é fácil. A criança, por exemplo, pode ter traumas do passado, e os pais podem enfrentar desafios que não esperavam. O acompanhamento é a garantia de que, se houver problemas, a família será amparada para resolvê-los.
O estágio de convivência é a prova de que a adoção não é um ato unilateral, mas uma construção mútua. É o momento em que a criança tem a chance de conhecer seus futuros pais e se sentir segura na nova casa. Ele minimiza os riscos de uma devolução futura, pois permite que a família e a criança tenham a certeza de que a decisão é a correta. É a garantia de que a adoção não será um simples ato formal, mas a concretização de um projeto de vida.
Em resumo, o estágio de convivência é a alma do processo de adoção. É a ponte entre a burocracia e o afeto. É o momento de construir memórias, de superar desafios e de consolidar o vínculo familiar. É a etapa que transforma a intenção de adotar em uma realidade de amor, segurança e proteção.